sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ÂNSIAS DO HINTERLAND

Com os olhos fixos no abstracto,
Eu corpo, procuro satisfação
Da ânsia física em ti.
E eu alma, chamo por vagos devaneios
Que nesse tal vazio, hospedam fascínio!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

As coisas que a gente fala!

Para os estudiosos e policiais assumidos da língua, a isto chamaríamos de extensão semântica: refiro-me às conotações que podem advir do uso do termo “COMER”.
Vejam: todo santo diabo que se diz macho, quando atingido pela vontade que condiz com o seu papel para com as fêmeas diz: estou com uma AVC a minha namorada, noiva, baby, chick, darling ou gaja, para os mais grosseiros (grosseria ou não, cada um cria um nome a seu gosto e vontade para a sua flor-de-lótus).

A origem dos -ismos que nos controlam: -um palavreado heteroglóssico da música “oligarquismo” da autoria de Valete

Sabe, se tivesse que pagar imposto pela importação ou (para usar um termo menos alfandegariamente comprometedor) download de e-books estaria “à beira de um ataque de nervos” porque o sistema alfandegário moçambicano teria qualquer coisa como um AVC (Alta Vontade de me Comer…financeiramente, claro) e até aos dias que correm estaria encarcerado (vendo o sol aos quadradinhos), solitário e, de tanto matutar, chegado a uma das conclusões mais absurdas de todos os tempos: “o sol tem o formato de um favo…”

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Os soluços do Sr. Dito Cujo Ensino Secundário Geral

a)
O
 verão está a chegar sem cerimónias. É sinal de que o ano está a findar. Resultados serão publicados. Um bom número vai reprovar. Outro simbólico vai transitar. A sociedade vai alarmar-se. Abrir-se-ão debates sobre a qualidade de ensino em Moçambique, e quando isso acontecer, as minhas questões serão: o que é qualidade de ensino? Quais os critérios para medi-la?
Entretanto, antes que tais debates que, aliás, gozam de alguma futilidade perante um ainda maior problema que se nos coloca, sejam abertos gostava de proferir algumas palavrinhas que me chegaram à mente:

domingo, 28 de julho de 2013

Façamos de contas que a literatura é uma sopa sem sal: sobre as funções da literatura!

É certo que todos temos o livre arbítrio de expressarmo-nos a bel-prazer e ninguém pode ser condenado por isso, a não ser que os seus pronunciamentos extrapolem os ditames do BOM SENSO e BOM GOSTO.
Sabe, lidar com literatura numa sociedade que como por uma praga das mais “peçonhentas”, fora consumida pelo imediatismo, é expor-se a questões como: Literatura para quê? Esta malta não têm algo melhor a fazer?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Os Solavancos a que a literatura nos remete: sobre a ficcionalidade na literatura!


Estas coisas de nos envolvermos com a escrita literária e seus campos adjacentes tornam-nos tão hipócritas que nem nos damos conta disso. Consideremos, portanto, que a noção de hipocrisia aqui trazida é deveras literal para que se submeta sem reservas a qualquer estereótipo preconcebido pelas e entre as pessoas.
Vejamos, ao envolvermo-nos com a escrita, criamos uma personagem a nosso gosto, ponderação e exigência para que fale por nós de forma bela, acima de tudo, em sessões de autoterapia a que chamamos de exercício artístico. E, sem nos apercebermos, esse Outro (artístico) torna-se muitas vezes diferente do Eu (sujeito biopsicosociocultural). Daí a velha e célebre frase Pessoana: “o poeta é um fingidor”.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Em jeito de reflexão sobre a cidadania


I
Sou melomaníaco assumido. É exactamente esta a razão que me fez dar ouvidos a uma música linda (no mais preciso sentido do termo) intitulada “if you are out there” cuja autoria é atribuída a John Legend. Repeti a música por não sei quantas vezes porque há lá dizeres de extrema significância, entre os quais teríamos:

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Com quantas mentiras se faz um grande amor?

Há qualquer coisa de nefasto nas frases que disse e não disse.

Nas que disse,
há lá falares lindos
nenecando dizeres meramente ficcionais.
Nas outras que escondi de ti, não para ti, mas por ti,
Para que teu coração não enfartasse de vez,
Divagam falas doloridas e sem métrica.
Claro! Estão todas prenhas de dizeres verosímeis!

domingo, 14 de abril de 2013

UMA CONVERSA FIADA COM MANUSSE JOSÉ

Encontrei Manusse José pelas ondas da internet. Eu, navegando de Xai-Xai para o mundo, e ele, de Luanda, também para o mundo, passando por Xai-Xai (Moçambique) – sua terra natal. Nestas navegações encontramo-nos. Além de um encontro virtual de dois indivíduos, aquilo era o encontro de duas almas inquietas que na busca da quietude foram se crivar nos braços da literatura. É por esta e outras razões que o convidei a ter uma conversa fiada comigo, Elísio Miambo.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

ALIENAÇÃO

Nunca escrevi tão mal em toda minha vida:
semimorta, quando vivida em pessoa
e viril, quando construída pelo demente escritor
que tenho em mim.
Não sei para que bosque levei meus escritos!
Cedi minha razão a gramáticas policiantes
e deixei a minha escrita guiar-se por gramaticalismos
sempre desnorteantes, como os olhos de um homenzinho
etariamente inocentado,
em uma grande cidade.

Viagem ao Maranhão pela Canção de Exílio

Hoje estou com a alma febril.
Padeço de querenças gonçalvinas.
Em meu rosto rodopiam tiras de água,
Por vezes são lágrimas, por vezes é suor…
Choro e esforço-me incansavelmente
Em meio a um sol de assar as entranhas.
Endoideci: quero estar no Maranhão,
A terra que tem palmeiras onde canta o Sabiá!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Moçambique é um mendigo sentado num balde de ouro


Nestes últimos dias decidi ser mais gentil com a mass media. Oiço, leio e assisto tudo que é noticia que eles dão. Já nem se quer me incomodam os seus grifos cuja condição sine qua non para atingirem o seu intento que é vender, vender e vender mais ainda, é que sejam bombásticos e sensacionalistas. Agora não ligo mais para estas coisas. Imagine se eu tivesse que questionar a forma como o dinheiro chega aos cofres das instituições tanto do estado assim como privadas: seria um frenesim que daria pano para mangas, pois não?