O
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verão está a chegar sem cerimónias. É sinal de
que o ano está a findar. Resultados serão publicados. Um bom número vai
reprovar. Outro simbólico vai transitar. A sociedade vai alarmar-se.
Abrir-se-ão debates sobre a qualidade de ensino em Moçambique, e quando isso
acontecer, as minhas questões serão: o que é qualidade de ensino? Quais os
critérios para medi-la?
Entretanto,
antes que tais debates que, aliás, gozam de alguma futilidade perante um ainda
maior problema que se nos coloca, sejam abertos gostava de proferir algumas
palavrinhas que me chegaram à mente:
Por
onde anda a aplicabilidade do Ensino Secundário Geral (doravante ESG), em
contexto prático?
Se,
grosso modo, todo o acto de ensinar preconiza o saber: ser, estar, fazer e
saber, será que o nosso ESG responde a estas exigências?
- Ah! Sim e não…
Como
raramente acontece, esta questão coloca-me em
cima do murro. Por um lado, existe um “sim” com bases egoístas, porque a
respostas seria: eu sou fruto deste
sistema de ensino e sei ser, estar, fazer e saber (o quê, não vem ao caso).
Por
outro, existe um “não” que tem bases
estritamente lúcidas e por assim ser, a sua lucidez chumba a primeira assunção
com bases egoístas.
Ya!
Parece que agora não estou mais em cima
do murro…(risos)
F
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ala-se
muito de desemprego e encoraja-se o empreendedorismo por parte das vítimas do
nosso saudoso sr. Dito Cujo Ensino Secundário Geral.
Facto:
o american dream de todos que
percorrem esta via, é terminar a 12ª classe e cursar alguma coisinha numa das
nossas universidades cuja quantidade é de louvar…
A maca inicia quando tal ilusão é
desiludida (rsrsrsrs) e a vítima do ESG, com a 12ª classe concluída e com o
sonho de ir à faculdade transformado numa relíquia sagrada que por assim ser,
passará a ser revisitada todo o santo ano que as universidades abrirem portas
para candidatos a caloiros.
É
com este quadro de pensamentozinhos que todos despertam no dia seguinte, com a
cara cheia de olheiras e perguntam-se:
- e agora, o que faço? Procuro
emprego? Crio o auto-emprego?
Só
mais tarde quando as ideias começam a aclarar-se, é que a vítima do ESG percebe
que sabe tudo em matérias do nada. E, se sabe alguma coisinha, não foi a escola
que lhe orientou (escuso dos exageros)
S
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aindo
à rua, tudo isso está nítido:
As
ruas estão cheias de jovens repetidores de matérias que a escola formou e de
quem a sociedade cobra uma criatividade que a escola ofuscou e, até certo
ponto, marginalizou.
Passaram-se
doze anos da vida de um ser humano, e tudo que aconteceu no seu exercício
lectivo foi distração. Teve que ser distraído por logarítimos, expressões
algébricas, silogismos e outras quinquilharias. E, quando voltasse à casa
deparava-se com um cano estragado, uma fechadura também estragada, um interruptor
por trocar e a partir deste cenário o “castelo
de palha começava a entrar em bancarrota.” E o que advêm disto tudo é um
emaranhado de questões por serem respondidas por não sei quem:
De
que servem lhe servem as distracções que a escola lecciona.
Qual
é a sua aplicabilidade do ponto de vista do saber fazer?
A
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ssistimos
agora a introdução de novas distracções que revelam alguma praticidade - haja
sinceridade.
São
coisas como TIC (tecnologias de informação e comunicação), empreendidorismo,
agropecuária e outras.
Todavia,
eu costumo ver isto num sentido metafórico: isto seria como introduzir um
detergente num balde de água que se suspeita que tenha impurezas. Contudo, a
minha metáfora aqui não se aplica porque a introdução destas grandes e louváveis
disciplinas não anula a presença das distracções.
Então
diríamos que a introdução destas disciplinas nos moldes em que está agora seria
qualquer coisinha como untar com uma essência rara e bem aromática, um corpo
que exala catinga – creio que esteja a imaginar a confusão aromática em que
isso deve resultar, visto que não se realizou, ao menos, um banho-maria no corpo que beneficiara da
cheirosa essência.
E mais não disse.
Fiquem bem, até “Os soluços do Sr. Dito Cujo Ensino Secundário Geral –
parte II”
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