domingo, 28 de janeiro de 2024

António Carneiro Gonçalves: um paradigma de se ser escritor para a escrita e para o mundo

Recebi, há dias, uma chamada de Lino Mukurruza. Entre uma cavaqueira e outra, veio o desafio: “estamos a organizar um colóquio de letras e, desta vez, homenageamos António Carneiro Gonçalves. Gostaríamos que fosse um dos oradores acerca d’A Escrita de Anton”. Daí para frente a conversa tornou-se numa partilha de memórias de textos que compuseram o imaginário de muitos moçambicanos nascidos entre a década 80 e a primeira metade da década 90 do século passado.

Quem, desta geração, não se recorda dos textos “A Gruta de Cantaia; Malidza; e A Mulher do Escritor”? São textos que compõem manuais de Língua Portuguesa que eram usados para o ensino naquela época e ficaram na memória: eram dias e mais dias de leitura e interpretação textual. Este último (A Mulher do Escritor) encantou-me imensamente. Sempre li este texto encarnando o personagem em causa e sonhava com esta coisa de tentar ser escritor. Talvez num dia desses, bem distante, me torne num.

sábado, 27 de janeiro de 2024

As Calças do Noivo

…há vários tipos de cabide: metálicos, plásticos, madeirados e outros feitos de metal, mas com cobertura plástica. Uns, no fundo, são os outros, salvo a consistência e o facto dos de plástico serem mais escorregadios.

Cá entre nós, ninguém pensa nestas coisas. É muita trigonometria, morfemas, pontos de fuga e tantas equações quadráticas desta vida que na prática não nos servem objectivamente.

“Se eu soubesse. Se eu soubesse”. Repetira pela noite adentro como se tal se tratasse de um terço.

Sancho Winani fora sempre um estudante dedicado. É na escola que o farol acendia para que a vida fizesse sentido debaixo dos olhos do Senhor. Estudar, trabalhar, casar e constituir família. Não é essa a sina? De todas, a que mais foi amaldiçoada fora a escola. Com o trabalho já se tinha resolvido. Com o casamento e a família já havia sinais de um rumo: afinal, ia apresentar-se na família da namorada.

Crítica Literária _ Para quê? Por quê? Para quem?


…a gente até tenta, mas está difícil, Senhor Professor.

Escrever sobre livros e seus autores é uma tarefa inglória, como bem pontuou o Professor Nataniel Ngomane numa entrevista concedida a Cláudio Fortuna, publicada na Revista Angolana de Sociologia, em Abril de 2011, ao problematizar esta função nos seguintes termos: “quanto é que ganha um crítico por escrever um texto de crítica? Deixa de fazer as suas coisas, escreve um texto crítico… e não recebe nada por isso. Não será, este, um grande problema? Porque as restantes profissões são pagas para fazerem o que estão a fazer. Quem é que paga a crítica? Quem respeita a crítica? Quem dá valor à crítica? As pessoas pedem sempre para fazer um prefácio, uma apresentação dos seus livros. Quanto se ganha por isso? Imaginam quanto se despende para fazer isso?”