quarta-feira, 8 de abril de 2015

A Negritude em “Deixa passar o meu povo” de Noémia de Sousa

A Negritude nasceu de um protesto intelectual de negros de formação cultural europeia que tomavam consciência da diferença e da inferiorização que os europeus impunham aos descendentes da África. Foi Aimé Césaire que, no seu Cahier d'un retour au pays natal, em 1939, empregou o termo “negritude” pela primeira vez.

Fundamentação dos discursos: social, histórico e estético da literatura através do texto “Deixa passar o meu povo”

O discurso social da literatura é normalmente encontrado na militância/engajamento do texto em relação a um movimento social de vanguarda, que transpareça em si um manifesto social que inspire a mudança de um determinado facto para o que se pressupõe que seja melhor, tanto pelo autor textual assim como pela conjuntura social. Neste sentido, em “Deixa passar o meu povo” de Noémia de Sousa, nota-se que existe um sonho expresso como reação ao que era visto e vivido socialmente que era a ausência de liberdade e, além de ser um mandamento em relação ao colono, como forma de contestação à condição de subjugação a que o negro estava exposto, neste caso, na sua própria terra, este texto afigura-se também um convite ao repúdio de tudo que foi o ensinamento do branco/europeu/colonizador como modelo de civilização e assunção de algo que é tido como tipicamente africano, tal como ilustram as seguintes palavras:
“E enquanto me vierem do Harlem/ vozes de lamentação /não poderei deixar-me embalar pela música fútil das valsas de Strauss.