…esta coisa da
militância multipartida pela leitura e escrita literária não é de hoje no
contexto moçambicano. Não é preciso que haja uma pesquisa exaustiva para
perceber isso. Basta ler a biografia de um autor para perceber que além da sua
entrega como poeta, cronista, contista, romancista ou outro “ista”, o mesmo
desenvolvia actividades adjacentes ao livro/escrita: Jornalismo, Edição,
Revisão, Crítica Literária, etc. Ninguém teve uma só musa. Tinham todos de se
repartir entre escrever e criar condições para que o livro chegasse ao leitor.
Vale, no entanto, ressaltar que, nestes tempos pós-2000, há uma entrega muito mais ousada e contra-hegemónica. Com a “morte” das páginas culturais nos jornais (repito, culturais, não musicais nem de entretenimento), a internet, na sua constante busca pela afirmação enquanto quinto poder, dá ferramentas digitais para que os jovens, independentemente de onde estiverem, contribuam sobremaneira para movimentar o sistema literário. É mesmo isso: movimentar, gerar debates, informar, criar alaridos, coisas assim. Quer queiramos, quer não: a coisa funciona, até certo ponto.