segunda-feira, 26 de junho de 2023

Três diamantes pretos no meio de cristais ou a atemporalidade da luta pela igualdade aos olhos da Maya Ângela?

Não são os prémios que dão valor aos livros.

São os livros que dão valor aos prémios.

Venho pensando neste exercício de apresentação de livros e do alcance que devemos dar a ele. Olho para mim nesta actividade e não sinto mais nada senão a responsabilidade. Quando recebo um convite desta natureza pairam em mim algumas perguntas: Quem eu sou? De quem é o livro? Quem serão as pessoas que me irão escutar? E por que razão o livro deve ser apresentado? Sinceramente (e por agora), só tenho respostas para a primeira e a última (quem eu sou e o por que razão o livro deve ser apresentado?)

Quanto a esta primeira pergunta, apenas sei que não sou um influencer com poder de vos fazer comprar o livro à força, como quem diz “se ele falou tão bem do livro, deve ser bom”. Não, não sou…felizmente! Imaginem se eu fosse uma dessas entidades com o nome já firmado no âmbito académico, cultural ou político. Estaria aqui numa espécie de saia justa. Teria de escolher entre falar bem do livro, com o risco de comprometer a minha imagem se o livro for mau; ou ter de ser sincero relativamente aos aspectos negativos do livro para salvaguardar a minha honra, e ser tomado como incoerente tanto pela editora, quanto pela autora, pela natureza desta actividade. Mais adiante retomamos o sentido desta incoerência a que me refiro.

Morrer: um imperativo altruísta e existencial em “a morte e o cavaleiro real” de Wole Soyinka

É comum que um autor fique perturbado com a leitura que se faz do seu livro. Não seria difícil citar 10 exemplos em que tal aconteceu. Vezes há em que tudo termina entre os botões do autor e sabe-se da sua perturbação pelos corredores, cafés e bares. Noutras vezes (não poucas) os escritores usam redes sociais ou colunas de jornais para manifestar o seu desencanto com a leitura de um certo crítico (ou aspirante ao ofício). Vemos, em alguns livros, uma tendência subtil do escritor deixar pistas que norteiem o exercício de leitura que, a priori, é alheio a si e é matéria de outros poderes. Neste caso, o do leitor. As epígrafes, os preâmbulos, as notas de autor e outras “manobras” paratextuais são recurso preferencial dos autores para enviarem recados ao leitor antes, durante e após a leitura da obra. Haverá, certamente, quem se interesse em aprofundar esta matéria.

Vem isto a propósito de uma nota que Wole Soyinka deixa em “a morte e o cavaleiro real”, uma peça originalmente publicada com o título “Death and the King’s Horseman”, traduzida para português por Sandra Tamele e publicada pela Ethale Publishing, em Moçambique.

Os nossos poetas vivem lacrados em torres de marfim

É difícil reflectir sobre qualquer coisa que não nos remeta aos acontecimentos que determinam os tópicos conversacionais nos últimos dias: a partida de Azagaia, as marchas em sua homenagem dentro e fora do país, as manifestações autorizadas por uns e interditas por “ordens superiores”, a violência bárbara a que se recorreu para tal interdição e os “cancelamentos” que são promovidos contra entidades públicas que têm vozes cujo clamor pode muito bem dar eco aos anseios do povo.

A minha preocupação surge em meio a este último tópico: cancelamentos. Em abono da verdade, os argumentos iniciais para esta atitude constituíam uma aporia por misturarem alhos e bugalhos: empatia, escolhas individuais, disponibilidade, agendas, etc. Só depois da triste acção da polícia é que o cancelamento passou a ter um sustento mais assertivo: o humanismo, independentemente da agenda, da disponibilidade e das escolhas individuais. Só a empatia é prevalece. Touché!

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Texto dramático: características, estrutura externa e interna

O termo drama (do grego drân = agir) faz referência ao facto de, nestes textos, as pessoas serem representadas em acção, (Aristóteles, 384-322 a. C) apud Garcia (2010, p. 117).

Partindo deste pressuposto, Santos (2015, p. 22) admite que falar de “género” dramático é, até certo ponto, falar de “género” teatral.

Há, contudo, necessidade de dissipar equívocos tal como alerta Diegues (2010, p. 22) cit. em Santos (2015, p. 23) ao afirmar que:

Não devemos ser radicais quando se trata de delimitar uma fronteira entre o texto dramático e a representação teatral. A união entre ambos parece óbvia, podendo um originar o outro, mas a sua separação também sobressai, na medida em que subsistem cada um por si só: pode-se assistir a uma peça de teatro sem conhecimento do texto de origem, da mesma forma que se pode ler um texto dramático sem que se tenha assistido à sua representação.

O drama surge, portanto, associado ao modo dramático, compondo juntamente com o lírico e o narrativo os “modos fundacionais da literatura”.

Epopeia: características, estrutura externa e interna

 

O que é epopeia?

A termo epopeia provem da palavra grega “epopoiía” que também deriva de “épos” também pertencente ao grego e significa “versos” e, portanto, “o gênero épico é a narrativa em versos que apresenta um episódio heroico da história de um povo. A epopeia nasceu no Ocidente com Homero, poeta grego que viveu entre os séculos IX e VIII a.C. e escreveu dois poemas que constituíram os primeiros modelos épicos: a Ilíada e a Odisséia.” Cavalcanti (2012, p. 235)

Para Figueiredo & Belo (1999, p. 111) “a epopeia é uma narração, em estilo grandioso, das façanhas heroicas de um povo, caracterizadas por uma acção una e simultaneamente variada, em que intervêm seres sobrenaturais.”