Sou também dado a elas mas, neste universo, sou mais Pablo que o Escobar. Ele é maior. E mais: as que eu vendo não alucinam. Despertam. Curam. Engrandecem. Mas também destroem. O seu poder é indescritível. Boa parte do sou e tenho. É graças a elas. Vendo-as e consumo-as. Do que se sabe dele, até esta parte, ele não consumia as dele. Apenas vendia. Eu sou diferente. Vendo e consumo um pouco de cada uma, antes de vendê-las. Faz parte do ofício. Todo escritor consome as suas palavras antes de as vender ao leitor.
quarta-feira, 29 de junho de 2022
sábado, 25 de junho de 2022
Os Protestos
Há quem tenha medo que o medo acabe!”
Mia Couto
O que de substancial se pode aprender dos jovens sudaneses e argelinos que recorreram a manifestações para dizer basta aos regimes ditatoriais com mais de duas décadas no poder?
sexta-feira, 24 de junho de 2022
TASAVER: há dias para se ser poeta!
Olho para a brancura do display com
os mesmos olhos com que Campos de Oliveira olhava para a brancura do papel.
Nasce-me aquele ímpeto de pensar no share
nas redes sociais ou em qualquer destas tantas antologias que se criam à velocidade
do vento e se tornam e-books, magazines, fanzines ou qualquer coisa a que se
tem acesso através de um link para download. Ele e os seus tinham de
esperar pelo prelo. Possas! Mudam-se os tempos, desfazem-se as práticas.
Vou pensando nesta vida de letras que é tão grata quanto ingrata quando assim o acaso decide. Por vezes nem é o acaso que determina. Os egos e o ethos assim o impõem. Talvez Noronha, Craveirinha e Knopfli (todos juntos) possam dissertar melhor sobre este capítulo da conversa. A mim basta este ar do quase, do pode ser que…É um pós-modernismo necessário que tive de experimentar. Coisas da vida, já o disse Milton Nascimento.
quarta-feira, 1 de junho de 2022
o grotesco e o escatológico como elementos de representação do caos em cães à estrada e poetas à morgue
não seria a principal finalidade
da boa literatura?
É
com esta questão que se encerra o prefácio que a professora Vanessa Riambau
Pinheiro faz do livro “cães à estrada e
poetas à margem” de Deusa d’Africa. O que está em voga pode não ser a mera
busca pela intencionalidade textual e sim um lançamento do olhar ao que
realmente importa para que o texto seja efectivamente literário.
Longe da falsa divisória da forma e do conteúdo, que se tem tornado norma na actual poesia moçambicana, “cães à estrada e poetas à morgue” é uma intercessão entre o real e o imaginário. O sonho e a realidade. A memória e o devaneio. O mundo exterior e o interior. Uma poética imagética surreal e mimética.