quinta-feira, 4 de abril de 2013

Viagem ao Maranhão pela Canção de Exílio

Hoje estou com a alma febril.
Padeço de querenças gonçalvinas.
Em meu rosto rodopiam tiras de água,
Por vezes são lágrimas, por vezes é suor…
Choro e esforço-me incansavelmente
Em meio a um sol de assar as entranhas.
Endoideci: quero estar no Maranhão,
A terra que tem palmeiras onde canta o Sabiá!

Os Xiricos que aqui gorjeiam,
Gorjeiam lindamente como as aves de lá…
Mas eu vou! Ah, sim! Eu vou…
Quero inalar ares que recitem purezas
No leito do meu nariz.
Quero afagar-me com o cheiro de mato,
Claro! Aqueles bosques que têm vida!
Porque sei que por lá,
Um Rouxinol cantará coisas lindas
Que farão jus àquela Canção de exílio
Como se recebesse ordens
De um Tupã, de Orixá ou de Febo…

Ah! Já estou com a canoa pronta…
Mas não sei a quem rogar a protecção
E incumbir o dever de me guiar
Aos braços da Floresta dos Guarás.
Tupã, Orixá e Febo sugerem-me
Gonçalves Dias e a sua canção de exílio:
É com Ele que eu vou navegar até ao Maranhão.
Nesta viagem que faço pelo Índico
Numa canoa de 1000 de gigabytes!


Texto incluso na antologia "Mil Poemas para Gonçalves Dias"

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