quinta-feira, 4 de abril de 2013

ALIENAÇÃO

Nunca escrevi tão mal em toda minha vida:
semimorta, quando vivida em pessoa
e viril, quando construída pelo demente escritor
que tenho em mim.
Não sei para que bosque levei meus escritos!
Cedi minha razão a gramáticas policiantes
e deixei a minha escrita guiar-se por gramaticalismos
sempre desnorteantes, como os olhos de um homenzinho
etariamente inocentado,
em uma grande cidade.
Logo eu que sempre fui de nacionalismos linguísticos
que só um português made in Mozambique me confere,
livrando-me de nativismos e escreveres escravizantes.
Não haverá na legislação literária, uma regra, uma licença…
não a dogmatizante mas a que dê direitos plenos
de subverter as letras literárias?
Ah! Nunca escrevi tão mal, tão feio em toda minha vida!
Vesti minhas letras de balalaica
que ninguém mais usa em terras daqui!
embrulho minhas palavras em cachecóis vermelho-verde
como se aqui esfriasse como lá…
Quando tenho por perto, um véu de cinco cores
para colocar nelas e deixa-las mais lindas,
mais naturais, ostentado o selo made in Mozambique…
Oh! Nunca me senti tão provinciano ultramarino em toda minha vida!

Sem comentários:

Enviar um comentário