Nas que disse,
há lá falares lindos
nenecando dizeres meramente
ficcionais.
Nas outras que escondi de ti, não para
ti, mas por ti,
Para que teu coração não enfartasse de
vez,
Divagam falas doloridas e sem métrica.
Claro! Estão todas prenhas de dizeres
verosímeis!
Eu nunca tinha sido de vícios cibernéticos,
Meu ciberespaço esgotava-se no Google
__ mandava
fumar o resto!
Não me pergunte como
mas bastou te ter em olhos meus,
para me tornar no mais assíduo dos
internautas.
De repentina fervura, fiz o sign up
naquela social network: apetecia-me te
ter no papo.
Dias vêm, dias vão…já havia mentido.
Menti demais! Como se só para isso
tivesse nascido.
Falava de vidas nunca vivenciadas
e que só as li-vivi em e-books,
Partilhava sentires
para ostentar traços mais humanos que
não os tenho.
E tu me chamavas de amor,
Porque de amor te fiz padecer,
em telas dos desk, lap e palmtops.
Eu não te disse que no fundo sou um sacana
que a custo zero te quer anelar,
Não te mostrei pelo videochat,
a louquice que é o meu mundo,
tão bruto, tão animalesco
que chega a ser o fiel retrato do
Darwinismo social,
e que por isso eu escolhi te amar.
Ah, sweety (Assim te chamava lá no chatroom)
Eu menti por amor, não o que sinto,
mas o que tu sentes por mim.
Sabes, eu sempre perguntei aos madodas[1]
Com que paus se faz uma canoa?
Ah sim! Queria navegar pelos mares em
busca de uma fêmea,
com pele de luar, toda felina, mas com
rosto angélico:
sempre tive um querer infame que me
devora a candura!
Hoje te tornaste minha,
só porque naveguei por esses mares
numa canoa de mil gigabytes.
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