sexta-feira, 24 de maio de 2013

Com quantas mentiras se faz um grande amor?

Há qualquer coisa de nefasto nas frases que disse e não disse.

Nas que disse,
há lá falares lindos
nenecando dizeres meramente ficcionais.
Nas outras que escondi de ti, não para ti, mas por ti,
Para que teu coração não enfartasse de vez,
Divagam falas doloridas e sem métrica.
Claro! Estão todas prenhas de dizeres verosímeis!


Eu nunca tinha sido de vícios cibernéticos,
Meu ciberespaço esgotava-se no Google
__ mandava fumar o resto!

Não me pergunte como
mas bastou te ter em olhos meus,
para me tornar no mais assíduo dos internautas.
De repentina fervura, fiz o sign up
naquela social network: apetecia-me te ter no papo.
Dias vêm, dias vão…já havia mentido.
Menti demais! Como se só para isso tivesse nascido.
Falava de vidas nunca vivenciadas
e que só as li-vivi em e-books,
Partilhava sentires
para ostentar traços mais humanos que não os tenho.
E tu me chamavas de amor,
Porque de amor te fiz padecer,
em telas dos desk, lap e palmtops.

Eu não te disse que no fundo sou um sacana
que a custo zero te quer anelar,
Não te mostrei pelo videochat,
a louquice que é o meu mundo,
tão bruto, tão animalesco
que chega a ser o fiel retrato do Darwinismo social,
e que por isso eu escolhi te amar.
Ah, sweety (Assim te chamava lá no chatroom)
Eu menti por amor, não o que sinto, mas o que tu sentes por mim.

Sabes, eu sempre perguntei aos madodas[1]
Com que paus se faz uma canoa?
Ah sim! Queria navegar pelos mares em busca de uma fêmea,
com pele de luar, toda felina, mas com rosto angélico:
sempre tive um querer infame que me devora a candura!
Hoje te tornaste minha,
só porque naveguei por esses mares
numa canoa de mil gigabytes.


[1] Anciãos

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