Quando
alguém é convidado a apresentar uma obra procura aplicar todo o seu manancial
de elogios, seja por motivos afectivos ou comerciais. Por
via disto, gostaria de agradecer a Deusa D’Africa e ao mesmo tempo lamentar:
agradecer pelo convite por ser uma oportunidade para eu aplicar o conjunto de
elogios que fui acumulando ao longo dos anos; e lamentar porque ao invés de
elogiar, gostaria de tecer algumas críticas à autora do livro (Deusa D’Africa)
em relação às circunstâncias em que este convite me foi feito.
domingo, 12 de julho de 2015
quarta-feira, 8 de abril de 2015
A Negritude em “Deixa passar o meu povo” de Noémia de Sousa
A Negritude nasceu de um
protesto intelectual de negros de formação cultural europeia que tomavam
consciência da diferença e da inferiorização que os europeus impunham aos
descendentes da África. Foi Aimé Césaire que, no seu Cahier d'un
retour au pays natal, em 1939, empregou o termo “negritude” pela primeira
vez.
Fundamentação dos discursos: social, histórico e estético da literatura através do texto “Deixa passar o meu povo”
O discurso social da literatura é normalmente encontrado
na militância/engajamento do texto em relação a um movimento social de
vanguarda, que transpareça em si um manifesto social que inspire a mudança de
um determinado facto para o que se pressupõe que seja melhor, tanto pelo autor
textual assim como pela conjuntura social. Neste sentido, em “Deixa passar o meu povo” de Noémia de
Sousa, nota-se que existe um sonho expresso como reação ao que era visto e
vivido socialmente que era a ausência de liberdade e, além de ser um mandamento
em relação ao colono, como forma de contestação à condição de subjugação a que o
negro estava exposto, neste caso, na sua própria terra, este texto afigura-se também um convite ao repúdio de tudo que
foi o ensinamento do branco/europeu/colonizador como modelo de civilização e assunção
de algo que é tido como tipicamente africano, tal como ilustram as seguintes
palavras:
“E enquanto me vierem do Harlem/ vozes de lamentação /não
poderei deixar-me embalar pela música fútil das
valsas de Strauss.”
sábado, 21 de março de 2015
A Relatividade da Noção do Fantástico em Choriro de Ungulani Ba Ka Khosa
Em Choriro narra-se a presença de
um invasor português na condição de soldado de infantaria em terras do vale do
Zambeze, em momentos que antecederam a intensificação e massificação do
comércio de escravos.
Sendo
proveniente de uma outra cultura com outra cosmovisão bem diferente da que fora
encontrar na forma de vida do povo da terra que invadiu, Luíz António Gregódio
(o invasor) não se submete á tendência colonial de opressão e escravização de
outros povos, mas contrariamente, integra-se harmoniosamente na cultura do povo
cujas terras invadiu e estabelece um vínculo muito forte com as tradições
locais a ponto de chegar a ser o rei daquelas terras, não por imposição mas
pela mesma via com que os nativos ascendiam ao poder.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Não me peça incondicionalismos no amor
Vera,
não me peça incondicionalismos no amor
que
te dou e darei enquanto for conveniente!
Se
ainda te amo perdida e loucamente,
nada
desse amor relampeja a ingénua inocência…
houve,
há e sempre, sempre haverá algo que dê jus a tal padecimento…
domingo, 1 de fevereiro de 2015
O adultério aos olhos da comunidade changana em “Awukwele Lalovisana”
Antes de fazer este
singelo comentário em torno do assunto que o título já insinua, interessa-me
fazer uma resenha da estória “Awukwele
Lalovisana” que em tradição literal fica “O Ciúme desnorteia”.
O facto é que:
“Certa
vez aconteceu que certo homem apaixonou-se por uma moça e casou-se com ela.
Viveram juntos, mas a moça não era apenas deste homem. Ela tinha um amante. Tal
amante não era uma pessoa, mas uma Cobra. Toda vez que a moça ia encontrar-se
com a Cobra tinha que entoar um cântico para que ela saísse. Com o andar do
tempo, o irmão mais novo do marido da moça (o seu cunhado) desconfiou, seguiu-a
e descobriu o segredo e imediatamente contou-o ao irmão.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Releitura da fábula “a cigarra e a formiga”
Como é sabido, tal como a escrita, a
narrativa da oralidade não é um sistema fechado de signos. Assim, poder
compreender o sentido de uma escolha que o contador efectua é ser capaz de
visualizar as hipóteses de permuta em cada contexto.
E, esta leitura contextualizada é
deveras importante sobretudo quando se trata de literatura oral no seu todo,
devido ao facto de esta servir de reservatório dos valores culturais dos povos.
É esta a razão que nos faz concordar com a ideia de que a versão da fábula “a cigarra e a formiga”, patente no livro do aluno da 5ª
classe do SNE, do ponto de vista ideológico “não
pode encontrar acolhimento no universo
cultural e antropológico” no seio de comunidades tipicamente moçambicanas,
em particular, e africanas, em geral. (ROSARIO: 2004, p. 2)
sábado, 3 de janeiro de 2015
EM JEITO DE COMENTÁRIO DO ARTIGO: “SERÁ A ESCRITA A ÚNICA VIA DE LIBERTAÇÃO DO HOMEM E A IMAGEM AUDIOVISUAL SUA MORTE?”
Reagindo a certas afirmações durante o lançamento de um
livro em Xai-Xai, um amigo achou urgente escrever e enviar-me um artigo
intitulado: “será a escrita a única via de libertação do homem e a imagem
audiovisual sua morte?”…
É verdade que houve um apelo expresso ao “escovismo”, mas, inicio a minha
intervenção aplaudindo a pertinência e actualidade do debate que se levanta. Não
pretendo fazer mais que um singelo comentário em torno deste assunto que,
sinceramente, exige mais do que posso oferecer intelectualmente. Mas, enfim: cada um dá o que tem para oferecer!
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