terça-feira, 16 de junho de 2020

Auditório Municipal de Chókwè: um colosso cultural na masmorra da degradação

O edifício multifuncional da cidade de Chókwè que há décadas fora palco de grandes realizações culturais vale mais pelas memórias do que pelo que possa oferecer nos dias que correm.
Antiga, em destroços, paredes que racham a cada dia, teto que se esvai a cada instante, detalhes ornamentais que remontam o olhar a um esplendor já não mais vivido, é o cenário actual do Auditório Municipal de Chókwè, uma infraestrutura imponente sita no 1º bairro da cidade de Chókwè, a 120 Km da cidade capital, Xai-Xai, província de Gaza.

“Este edifício é histórico para mim: a primeira vez que assisti a um filme em tela gigante foi neste lugar. Sentia, portanto, que estava numa cidade” frisa-me, com ar nostálgico, um munícipe que conhecera o Auditório Municipal de Chókwè quando ainda era digno desse nome.
A infraestrutura conta com uma multiplicidade de espaços bastante congéneres e com uma utilidade excepcional do ponto de vista cultural. Evidencia-se, a priori, a Biblioteca que ainda é funcional e que está sobre a égide do Conselho Autárquico e com uma diversidade bibliográfica, digna de realce. Conta também com uma discoteca que actualmente está sobre a gestão de uma eminente personalidade local. O bar, o cinema, o átrio aberto entre a biblioteca e a discoteca, esses, estão em completo desuso de tal maneira que fortificam a âncora que prende a infraestrutura na masmorra da degradação.  
O que intensifica esta degradação é aparente disputa para a sua gestão: o Conselho Autárquico, através da vereação da cultura, tem interesses óbvios em gerir o edifício na sua totalidade porque aparentemente a entidade responsável pela discoteca, na verdade, não tem sido muito proactiva.” – lamenta um activista cultural cujas intenções de realizar um evento no local não surtiram efeito devido ao estado drasticamente degradado da infraestrutura.
Este é um dentre tantos exemplos de infraestruturas culturais ao longo da província de Gaza que por injustificadas razões vão minguando na degradação e que só podem servir o propósito a que estão destinadas se forem tomadas medidas concretas e estratégicas para a gestão dessas casas culturais. Essas medidas passam por: instalar no local um órgão de gestão, seja a vereação da cultura, uma direcção distrital ou uma casa de cultura a nível distrital; criar abertura para uma gestão privada competente que tenha participação estatal de modo a garantir a preservação do património local e que sirva efectivamente aos interesses estatais. Ademais, pode-se interagir permanentemente com os agentes culturais locais com vista a revitalização desses espaços e da cultura no seu todo.

2 comentários:

  1. O que intensifica esta degradação é aparente disputa para a sua gestão.
    eu nao sei exatamente como isso acontece, mas a verdade e esta. e maior numero dos auditorios municipais, esta desta aparencia velha. talvez o problema seja por termos espulsado o colono, ja que foram eles a fazer, assim da mesma forma precisa-se dos mesmos para a sua devida reabilitacao, (talvez).

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    1. Custa-me inventariar o que esteja a falhar. Mas suponho que muito pode ser feito em prol desta e mais infraestruturas. Relativamente a sua suposição, não creio que seja esse o caminho.

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