…não há, de um lado, o abstrato e, de outro, o concreto.
Forma e conteúdo são da mesma natureza, sujeitos à mesma análise.
Levi-Strauss
…não há, de um lado, o abstrato e, de outro, o concreto.
Forma e conteúdo são da mesma natureza, sujeitos à mesma análise.
Levi-Strauss
o meu coração de devoções insignes
porque as juras eram monógamas
tal e qual pregara o pergaminho
que atracara na imensidão
dos nossos cais vindo de latitudes outras
com invernos fartos e verões pobres.
com que o fulgor dezembrino me brinda,
esfervilha a carne descoberta
por que passa este líquido,
sem que lhe ocorra que
as feridas em que baila e tirlinta
foram, também, lar de pousio
das balas de AK-47 e outros tubos
por que a pólvora migra...
Da autoria de Minyetani Khosa, pseudónimo de Félix Paulo Cossa, “Karinganas do Índico” sai pela Editora Kulera que como já nos acostumou nesta sua fase embrionária, permeia esta obra com um desenho gráfico que pouco ou nada deve mesmo aos mais exigentes.
porque aquilo que cada um é de melhor
deve sê-lo
necessariamente para si mesmo”
Arthur
Schopenhauer
O diálogo com a
narrativa oral no universo literário moçambicano (para não dizer africano mesmo
com poucas credenciais para o efeito) é já uma premissa adquirida, partilhada e
aceite sobretudo por aqueles que observam este fenômeno de fora para dentro. Para
esses, a narrativa escrita que foi sendo feita ao longo do tempo,
apresenta-se-lhes como um palimpsesto da narrativa oral talvez pelo discurso
modesto que se quer honesto “vendido” in
e outside por vários escritores: eu sou contador de histórias do meu povo.
Quando acolhido à primeira vista, este discurso, gera a ilusão de que há pouca
ficção como se ao escritor e ao escrivão a vida reservasse o mesmo ofício.