(com a gnose, que soçobra)
I
...plumas e tinta ferrogálica.
Metamorfoseando a brancura
do papel. A contragosto do que só
se revela no cume do monte. E não
na troca de olhares pelas margens
do mar. Ou nas grutas da floresta.
O cérebro esquartejado ao calabouço
do self. Horizontes diluídos. Porque
no túnel só uma luz se via. Só um
caminho conduzia. Só para o norte
os ventos sopravam. E nada mais.
Haveria outro veneno senão a
coloração da Sua epiderme?
II
…correntes nos tornozelos. Teias
de sangue demarcando o trilho
dos tubarões. Vozes uivando
ao sabor do chicote. A carne desfeita
pelos dentes. Das ferras que antes
eram convivas. O olfato aninhando
odores da alma em combustão. Na
ovação de Entes de outras terras.
Quando os soterrados gravitavam
na bestialização. E nada mais.
Haveria outro antídoto senão
a mumificação do ethos?
III
…a ferro, sangue, fogo e outras plumas
mergulhadas em outras tintas. Desfez-se
o orvalho. Juntamente com as brumas.
Proclamaram-se os triunfos. Hozanas
hibridaram-se. Ganharam novos Entes.
Nas correntes, a carne que sobrara
alimenta os abutres. Ou os olhos
sedentos de mirar o passado.
«somos todos iguais»:
é o lema.
No horizonte, as clausuras anunciam-se.
Intactas. Do Baú, artefactos retificam
a textura da Sua epiderme. Que
diferença faz, se há outros messias?
IV
…às claras, reina a Sua voz. Siavumas.
Ngomas. Thokozas. Só ao cair da luz.
Dispensa-se os sipaios: não se põe
guizo a um gato vendado.
fotografia de Renan Fillipi da Costa
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