I
…assombra-me esta gravura
de Benim. Para exorcizar fantasmas.
Que me sitiam a memória individual
e comum. Porque além desta nuvem.
Revela-se-me o mesmo azul. Que
se decalca aos olhos da pedra
submersa no mar.
II
…adentramos pé-ante-pé. Na mescla
de horizontes. Mesmo com o ferro
promiscuindo-se com a carne do tornozelo
e do collum. Sem a bússola que reorientasse
o regresso. Que regresso? Terão os outros
regressado? Não será a mescla tão prenhe
qual arte que se mumifica na rocha?
III
…ei-nos, hoje, na peleja desse regresso
à raiz. Sem que ao caule que nos segura
lancemos o olhar. Com que língua se
expressam as árvores? Há um pranto deste
enxertado caule que se precisa escutar.
Raízes, quais? Não há uma singularidade,
de facto, por resgatar neste substantivo?
IV
…pior que a lágrima amarga (exprimida
por nosso essencialismo caviar) que
abrilhanta a retina e se derrama
no mesmo chão que nosso sangue
sorveu. É o nosso easy talk abrupto
e já vencido. Inda que tenha assombrado
Senghor e Césaire até a exaustão. Naquela
bruma que os enclausurou e, agora, a nós
toma porque além da palavra, só o vazio
habita: com que antídotos se vence
o estocolmo?
V
…penso, agora, no tigre de Soyinka,
e na proclamação de que prescinde
para ganhar forma. E vejo outros tigres
(do oriente) cujas docas conhecem
o escancarar dos cais e seu fecho.
Não será esta a bússola com que
se perscruta as grutas da globalização?
VI
…e o retorno dos idos que nunca partiram
senão em narrativas. A que berço retornam?
Ouvir blues, num bar rock n’roll
e ressonar as síncopes frenéticas de quem
faz jazz. Transmuda a singularidade
num plural indelével e irrevogável cujo
berço: somos nós. Com que, então, se rebusca
a essência de um tecido feito a retalhos em Benim?
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