É um facto que em África, palavras
correspondentes a línguas europeias tomam novos valores semânticos devido ao
contacto com a cultura africana. Porém, por tão vasto que seja este
argumento, não engloba palavras como “vencedor” e “vencido” que desde a
primeira noção de jogo introduzida pelos jogos olímpicos na Grécia antiga, é de
senso comum que estas palavras identificam e consequentemente distinguem
pessoas/grupos que ocupam “estatutos” diferentes.
É-me desconhecida, confesso, a razão mas em África os conceitos de
vencido/perdedor e vencedor/ganhador tomam características semânticas
diferentes das que acima referenciei e o conceito de jogo é outro. Se não
vejamos, em África quando se inicia o jogo já se sabe de antemão quem será o
vencedor: há sempre pré-vencedores e obviamente pré-vencidos. Seria por
isso que a vitória não sabe a mel e a derrota a fel? Enfim...
Se por um acaso os deuses gregos do jogo se manifestarem, os vencedores do
jogo tornam-se figuras inexistentes. Por exemplo, no âmbito político-eleitoral,
os jogadores formam o G.U.N. Aproveitando o valor semântico desta sigla na
língua inglesa e tendo em conta que a maioria destes jogadores foram militares
diria que esta foi a arma encontrada por estes para fuzilar qualquer tipo de
influência dos deuses gregos do jogo nas suas olimpíadas.
Verifica-se, entretanto, um caso em que a intitulada e, em alto tom, chamada democracia
torna-se um substantivo vestido de ironia, fazendo com que os que nela
acreditam percam a faculdade de ver o óbvio pois o vencedor do jogo acaba
sendo sempre quem acha ser o dono dos acontecimentos e fins da nação. Neste
contexto, poderia dizer que, quando quem se acha dono dos destinos duma nação
fica galardoado como perdedor, acaba alegando inúmeros motivos para formar o
propagado G.U.N e continuar impune às leis da vida e das coisas. Tanto que às
vezes pergunto-me: seria isto Democracia ou Monarquia atenuada?
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