quarta-feira, 28 de abril de 2021

Muedas

…é 1960. Estou em Mueda. Como então refaço: 
os pedaços da alma com que benzi a tua glande(?) 
os retalhos do sentimento com que te cobri(?) 
os estilhaços da voz com que te falava de amor, 
mesmo com bigode prostrado numa garrafa 
de scotch(?) 
Qual guitarra que se enfurece numa primavera 
swing do jazz. Foi efusiva a vontade com que 
me alimentaste da broa cujo saciar proclamava 
eternidades. «Estava na tua» dizem-me, agora: 
a alma, o sentimento e a voz, enquanto desço 
a ladeira que me ladeia a vista com que vejo o gato 
preto que consola o street kid. A quem dei a moeda 
que lhe serviu de passe ante a patrulha. Eis então,
que me embriaga o espanto que a anuência do kid 
goteja em mim, quando eu, aos prantos, vou 
exorcismando o Mueda em que me deixaste como se 
de outros Muedas o mundo não se compusesse…

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