sábado, 11 de agosto de 2012

CONTO e CRÓNICA: QUE DIFERENÇAS?

Pelo devasso vício de escrever, são várias as vezes em que nos chega a vontade de juntar letras para falar de alguma coisa que não seja nada. Costumamos ser felizes nisso, porque há sempre algo que sai, a que todos chamamos de texto __ mas que tipo de texto é?
Essa é sempre uma boa pergunta!
Há tipologias que são, decerto, mais fáceis de identificar, mas há outras que partilhando uma e outra característica, acabam pondo tanto os escritores de textos assim como os próprios leitores em encruzilhadas das quais cada um vai se safando do jeito que lhe convier, e outros chamam a si a humildade de assumir o equívoco provindo do seu próprio desconhecimento dos factos.
Entre essas tipologias textuais de difícil distinção, está o par: CONTO E CRÓNICA. Engana-se quem diga o contrário.
Numa percepção algo pessoal, eu diria que quando o articulista cria um facto completo e com um final determinado (ou não), com uma só acção e um só enredo, com delimitação estática de tempo, espaço e personagens, tendo todo esse manancial de elementos centrado num só ponto de interesse, isto é, trazido numa perspectiva linear __ é certo que estamos perante um conto.
E, quando estamos perante um texto com cariz jornalístico-literário em que o articulista usa as palavras para dar uma breve informação (de forma menos fria que a notícia, por exemplo) ou narrar alguma situação vivida no quotidiano (podendo por vezes conter personagens), partindo duma visão meramente pessoal dos factos, numa linguagem coloquial ou próxima do leitor a que se destina, podendo estar revestida de certo subjectivismo e com grande carga humorística __ aí tudo indica que estamos perante uma crónica!
A meu ver, a distinção entre o conto e a crónica reside no facto de:
a) Enquanto o conto narra factos decorridos num tempo relativamente maior, a crónica centra-se no presente ou num passado muitíssimo recente;
b) Se no conto temos um enredo que começa, se desenvolve e tem (na maior parte das vezes) um desfecho, na crónica geralmente o leitor é que “faz o desfecho que achar adequado”. Ou seja, na crónica o articulista traz uma reflexão e sugere, de forma subtil, uma opinião e deixa espaço para que o leitor tire suas “próprias” ilações;
c) Em um conto, notamos que o escrevente preocupa-se com as características das personagens (suas manias e defeitos), enquanto em uma crónica, quando não lhe convém, se quer liga a mínima para esses detalhes;
d) Na crónica, o escritor centra-se muito na realidade, quando no conto ele deixa a sua imaginação “arranhar os céus”;
e) A crónica é mais analítica e interpretativa, sobre determinado assunto, porém menos aprofundada, o que não acontece com o conto.
Enfim, paremos por aqui. Afinal, a política deste blog é dar ferramentas para que o caro leitor vá “pescar” e não oferecer o “peixe” propriamente dito! Dou, a partir de então, por aberta a discussão que promete ser acesa, porque este assunto não é tão simples de tratar quanto pode sugerir o equívoco.

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