Como é sabido, tal como a escrita, a
narrativa da oralidade não é um sistema fechado de signos. Assim, poder
compreender o sentido de uma escolha que o contador efectua é ser capaz de
visualizar as hipóteses de permuta em cada contexto.
E, esta leitura contextualizada é
deveras importante sobretudo quando se trata de literatura oral no seu todo,
devido ao facto de esta servir de reservatório dos valores culturais dos povos.
É esta a razão que nos faz concordar com a ideia de que a versão da fábula “a cigarra e a formiga”, patente no livro do aluno da 5ª
classe do SNE, do ponto de vista ideológico “não
pode encontrar acolhimento no universo
cultural e antropológico” no seio de comunidades tipicamente moçambicanas,
em particular, e africanas, em geral. (ROSARIO: 2004, p. 2)