São vários aspectos que devem ser
considerados quando se está para analisar um texto. Contudo, a este artigo interessa
abordar questões basilares no que concerne pura e simplesmente aos níveis de
análise textual, que poderão ser aprofundados com mais pesquisas acerca do
assunto.
Assim, poderia avançar os três níveis de análise textual que
andei encontrando algures, que são: o nível pré-textual, o sub-textual e o Textual.
1) Nível pré-textual
É
inerente às circunstâncias externas que, se calhar, envolvam a existência da
obra, não chegando, porém, a explicar necessariamente a sua criação. Há nesta
visão, uma tendência de olhar para a obra literária como um pretexto (quer
dizer, se o escritor escreveu isto, é porque ele é/era aquilo), esquecendo,
desta forma, o lado estético do texto ou da obra.
Qualquer
um conviria se eu, em algum momento, dissesse que esta é uma forma fria e
simplista de se fazer uma análise! Pois, carrega consigo um biografismo tal,
que acaba se fitando em detalhes da vida íntima do autor (do ponto de vista
social, económico, político, cultural, etc.) e tudo que pré-existe ao texto no
sentido de criar uma imagem ideal daquilo que é/era o autor (como se a obra
fosse o espelho fiel do eu do escritor).
2) Nível sub-textual
Em
poucas palavras diria que esta forma de estudar uma obra literária, prende-se
em procurar “pistas” do estado cognitivo do autor negando assim a
ficcionalidade. Partindo da visão Freudiana, segundo a qual, “as forças impulsivas da arte são as mesmas
forças conflituosas que conduzem as pessoas à neurose”.
Aqui,
a obra literária é tida como um espaço de projecções e afecções de origem
psicopatológica, e a sua leitura visa detectar traumas psíquicos, complexos diversos
ou perturbações oníricas (relativo a sonhos ).
Que
a lucidez esteja connosco! Esta forma de analisar a obra literária é mais
clínica que literária! Se não vejamos, relega-se as propriedades estéticas a
segundo, terceiro senão quarto plano e usa-se o texto simplesmente para
arrancar nele, indícios que fundamentem a patologia inconsciente do autor.
Uma
outra vertente deste nível de análise é a da interpretação micro-colectivista
da criação literária através da busca, num círculo restrito de escritores, uma
comunhão de preocupações sociais, anseios históricos e directrizes
estético-literárias que, projectados nos textos singulares, são motivadas pelo
contexto sócio-político e económico que rodeia uma determinada geração.
Esta
visão guia-se pelo princípio segundo o qual, o escritor é porta-voz da sua
sociedade, isto é, ele (o escritor) é intérprete dos problemas colectivos.
3) Nível Textual
Nesta
perspectiva analisa-se a obra linguisticamente (é o tal sistema modelizante
primário), analisa-se, também, a obra do ponto de vista da combinação de
diversos códigos (compositivos, ideológicos, culturais, temáticos, métricos,
rítmicos, enfim…) envolvidos na produção do texto literário (é o tal sistema
modelizante secundário), e na mensagem construída também pelo leitor.
Além
disso, neste nível de análise, destaca-se as características peculiares do
autor (a sua fala individual/estilo) e a acomodação da expressão verbal às
exigências da colectividade. Basicamente, aqui analisa-se os recursos
técnico-linguísticos e unidades de significado que singularizam a obra.
Refira-se,
portanto, que estes níveis de análise textual podem coabitar numa mesma
abordagem de análise sem contudo conflituarem. Ora, diga-se, em abono da
verdade, que a análise textual não se esgota nesta abordagem que fizemos,
contudo, pode-se buscar daqui alguns insights para outras pesquisas.
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